segunda-feira, 22 de julho de 2013

Não se pertencia, apegava-se às acácias

A brisa soprava em seus longos e avermelhados cabelos, aquele ar frio arrepiava-lhe a nuca. Era loucamente atordoada por aquela lembrança: Olhos claros, cor da terra.

Não podia esquecer por se quer um minuto a doçura daqueles lábios. Insana e insensata derramava lágrimas e as doava a um príncipe - este sem cavalo branco ou qualquer castelo - doava também a vereda de seu coração.

Findava a tarde e a imagem mais bela de seu coração não saia de sua mente, enquanto que seus belos olhos avistavam o pôr do sol. Aquela fazenda e aquela paisagem eram o seu lar. Vivia sobre o ar puro de uma cidade pequena. A cada manhã caminhava sobre a grama verde, admirava o jardim e, finalmente, apegava-se às acácias, amareladas. Habitava em fantasias, fazia moradia em ilusões. Alucinava-se ao encontrar com aquele, a figura de seus sonhos, todos os dias em meio às plantações de trigo.

O desencanto daquela tortura de não poder alcançar com toda a sua fragilidade a capitosa presença do outro era infinito. Pairava novamente aquela pertinaz lembrança.

 Quando acordava de seus delírios, se deparava, sempre mais uma vez perplexa, com aquela cidade grande. O seu lugar é um mistério, não se pertencia e não sabia de onde era, nem tampouco de quem era; contudo, sua beleza continuava estonteante. 

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